DESATO EM NÓS

Tatiane Carvalho Bispo
Maria Cleones

Embora esteja em evidência o discurso de autoaceitação e tenhamos avançado muito na luta por igualdade entre os gêneros, ainda são recorrentes os casos de violências a que nós mulheres somos sujeitas o tempo todo; quer sejam elas físicas, morais ou simbólicas.

Somos duas mulheres, negras de cabelos volumosos e crespos. Não nos encaixamos em um padrão social e estético, pautado na hegemonia eurocentrada que vivemos no Brasil.

Ainda sofremos com os reflexos da colonização, que insiste em reforçar estereótipos de beleza quase inalcançáveis.

Além de outros padrões estabelecidos e exigidos para todas as mulheres. Desato em nós é um manifesto de nós, mulheres, contra os nós que nos prendem.

De nós, que somos muitas, lutando e (re)existindo às amarras, aos emaranhados de fios que se entrelaçam como uma teia, sempre pronta a nos capturar.

Nós contra o perigo da história única, apontado pela pensadora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Por uma política da narratividade, pautada em representações visuais que abarquem cada vez mais a complexidade e diversidade de nossas existências.